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Família.com – usando as tecnologias a favor das relações

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Os muitos caminhos para você se conectar com pessoas queridas

De um lado da tela do computador, em Goiás, o pai tem uma reunião importante. Do outro lado, a filha, em São Paulo, está fazendo aniversário. Porém, eles não vão deixar de se ver neste momento tão importante. O pai marca a reunião para um pouco mais tarde e ambos se programam para celebrar a data no momento exato do nascimento da filha, às 13h45. A internet possibilitou que duas ou mais pessoas se vejam e se falem em tempo real. Através dela, eles trocam palavras carinhosas e se emocionam, um com a presença do outro.

Este é apenas um exemplo de como as novas tecnologias podem aproximar pessoas em vez de distanciá-las. Um estudo interessante a respeito é do professor Keith Hampton, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, autor de um relatório chamado “Laços sociais das pessoas são reforçados pelas novas tecnologias da comunicação”. Ele diz: “É um erro acreditar que o uso da internet e de telefones celulares faça com que as pessoas mergulhem em uma espiral de isolamento. Há uma tendência a culpar a tecnologia quando ocorre alguma mudança social, mas as pessoas usam a tecnologia para manter contato e compartilhar informações de modo a se manter ligadas às suas comunidades”.

O trabalho de Hampton constatou que as discussões sobre temas cotidianos se favorecem em 12% entre os que usam celulares, em 9% entre os que compartilham fotos online e em 9% entre os que enviam mensagens instantâneas. Isso significa que a tecnologia pode ser uma grande aliada na aproximação das pessoas em relação a temas de interesse de uma família ou uma comunidade. Bem utilizada, ela pode nos humanizar ainda mais e nos tornar mais amorosos.

Mal utilizados, porém, os recursos midiáticos podem afastar as pessoas. Quando o pai fica no celular durante o jantar, quando a mãe não sai do messenger enquanto a filha tenta desabafar, quando a família fica checando mensagens no restaurante, não há laço sendo criado, não há familiaridade entre as pessoas. Mas aí a culpa não é dos recursos e sim da falta de sensibilidade das pessoas que não colocam como prioridade o “estar junto”, a construção da familiaridade.

Se você já não sabe como puxar papo com seus filhos, se faz muito tempo que não tem uma conversa mais profunda com sua esposa ou marido, se seus familiares não querem mais sentar junto com você na mesa de jantar… tudo isso pode ser sinal de que é preciso rever uma série de rotinas na sua casa.

Filhos são extremamente sensíveis a quem os ama. E amor não é formado só por palavras, mas sim por gestos concretos. Não adianta dizer a seus filhos ou cônjuge que você trabalha demais para oferecer coisas boas para a família. Eles não sentem isso como amor e sim como distância, como descaso.

Seus familiares querem sentir-se parte importante de sua vida. Não adianta ficar perguntando de forma investigativa sobre a vida deles, é preciso também se abrir um pouco, contar algo sobre seu dia, compartilhar. Isso não quer dizer debater com o filho de 10 anos sobre seu imposto de renda, mas comentar sobre como conseguiu contornar uma situação difícil, por exemplo. Afinal, é assim que os filhos se sentem mais perto das “aventuras” vividas pelos pais. Eles querem saber de você, participar, trocar, compartilhar.

Comportamentos simples podem fazer uma enorme diferença na segurança emocional e na sensação de pertencimento, seja entre o casal ou mesmo com os filhos. Tomar café da manhã todos juntos quando possível, preparar refeições em que um lava os alimentos, outro põe a mesa, outro lava a louça… fazer juntos a cama, lavar o carro, escovar o cachorro e levá-lo para passear, um beijo e um abraço carinhoso na hora de sair de casa. Tudo isso vai construindo entre as pessoas laços que demonstram na prática a importância de uns na vida dos outros.

Não adianta querer compensar longos períodos de ausência com presentes caros, pois eles acabam tendo até o efeito contrário. Muito mais do que o valor do presente é a presença efetiva e afetiva, o olho no olho, o abraço de verdade, tudo que denote o afeto. Um cartão escrito à mão com palavras que venham do coração pode fazer mais pelo seu casamento que uma joia cara. Ligar espontaneamente para dizer “obrigado”, “preciso de você”, “quero compartilhar algo importante”, “amo você”,  “que bom que você existe “, tudo isso mostra que o vínculo, ainda que elástico, existe. A isso chamamos de presença. Há pais e mães que conseguem estar mais presentes, ainda que de longe, do que outros que só estão presentes fisicamente.

Abaixo, seguem dicas de como usar algumas tecnologias existentes:

  • Celulares com múltiplas possibilidades: o telefone móvel hoje tem praticamente as mesmas funções de um computador, permitindo que as pessoas se conectem de várias formas, não apenas pela voz, mas pelo texto e até em imagens em tempo real, como numa videoconferência. Graças ao celular, é possível que as pessoas sejam localizadas onde estiverem e isso facilita muito para os pais ficarem mais tranquilos quando os filhos estão fora de casa. Isso, porém, não deve ser levado ao limite de um policiamento que sufoque o jovem. O foco é a informação necessária: sobre o que se está fazendo, que horas vai chegar em casa, se está tudo bem e também para recados de incentivo, carinho, amor, afeto. Na prática, os filhos se sentem mais seguros quando seus pais mostram que querem saber onde eles estão e checam as informações dadas por eles. Sim, ligue para os números que seus filhos lhe passam, fale com os pais da casa onde eles disseram que iam passar a noite. Os apps de mensagens instantâneas, com compartilhamento de imagens, vídeos e áudios, são seus aliados nessas situações.
  • Agenda Google: pode ser baixada nos celulares e também pode ser utilizada em computadores. Possibilita que a família crie uma agenda compartilhada, sincronizada aos celulares, onde cada membro tem uma cor diferente para seus compromissos. Assim, todos sabem uns dos outros e compartilham suas vidas, o que pode ser usado para determinar momentos de encontro e garantir que haverá tempo para a construção e manutenção da familiaridade. Pode-se incluir nela também os sonhos/projetos/necessidades de cada um, assim como as conquistas – que podem e devem ser comemoradas!
  • Mídias sociais: pesquisas apontam que, hoje, o Facebook é a rede social mais acessada no mundo (e no Brasil) e nele podemos fazer várias conexões familiares. Uma das possibilidades muito interessantes é a criação de grupos de pessoas. Podemos pensar no grupo da família, do qual podem fazer parte quantos membros se queira (o pai, a mãe, os filhos, os avós, o tio ou a tia que moram em outra cidade ou outro país, enfim, todos os parentes que sejam importantes numa relação familiar). Neste, cada um pode postar textos, fotos, vídeos e links relacionados à família, como aquela imagem da viagem à praia ou uma foto antiga que está com as avós e, ao compartilhá-la com todos, será possível reviver uma lembrança gostosa. Outra ideia muito interessante é criar grupos de pais, possibilitando a interação de pais e mães de filhos que são amigos. Isso facilita muito a troca de informações importantes, além de possibilitar a cooperação entre famílias, por exemplo, para buscar e levar as crianças na escola ou a outros compromissos, ou mesmo compartilhando dicas, receitas, indicações de médicos, professores de aulas particulares e outras demandas.

Isso não significa de forma alguma que os pais devem saber de tudo sobre a vida de seus filhos, muito menos invadir sua privacidade criando falsos avatares na internet para vigiá-los. O que vale é equilíbrio, respeito e desejo honesto de vincular-se. Se houver distância e desconfiança, é preciso dar um passo para trás, rever os hábitos de convivência, os fluxos de comunicação e retomar a cumplicidade que um dia foi perdida. Isso vale para pais e filhos, cônjuges e outros familiares. Tendemos a nos mostrar a quem percebemos que realmente se importa conosco, nos ama e aceita.

Essas e outras possibilidades são parte do mundo das múltiplas formas de conexão. O mais importante é ter um propósito muito bem definido para o uso delas: unir pessoas. A tecnologia não é culpada pelo afastamento dos seres humanos, tampouco consegue, sozinha, aproximar as pessoas.

Então, fica uma pergunta e um convite: como está a sua conexão com sua família? E que tal deixá-la ainda melhor?

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