Nossa vida é formada por ciclos e, a cada finalização de um deles, é comum sentirmos medo, dúvidas e confusões. Com o tempo, sábio orientador dos caminhos, ouvimos que adquirimos maturidade para errar cada vez menos e escolher com mais entendimento. O desenvolvimento da maturidade acontece como o de muitas outras características: é um processo gradativo, construído à medida que nossos relacionamentos sociais se desenrolam e, assim, passamos por novas experiências em diversas áreas da vida, como a pessoal e a profissional, refletindo sobre elas.
Fica assim clara a relação do conceito da maturidade com a passagem do tempo. Sócrates, um dos mais importantes filósofos gregos da Antiguidade, disse que “Uma vida não refletida é uma vida sem valor”. Uma prova de maturidade é ser capaz de refletir sobre seus pensamentos e ações, sobre as decisões que pretende tomar, buscando sempre se conhecer melhor. Aquele que podem ser considerados imaturos são, justamente, os que não costumam se dedicar a refletir sobre seus atos e, por isso, tendem a errar mais. Muitas vezes, inclusive, cometem os mesmos erros.
Entretanto, ser maduro não é apostar sempre na decisão mais fácil, com poucas chances de dar errado. É preciso se abrir a novas ideias.
A diferença entre o maduro e o imaturo aqui está na capacidade de ponderar. O primeiro pesará os prós e contras da novidade antes de coloca-la em prática, enquanto o segundo, cego pelo medo de errar, poderá apenas recusá-la, sem analisar nada.
Ser fechado a novas ideias e ter uma postura alienada em relação ao mundo a sua volta é sinal de imaturidade. Aqueles que desejam ser mais maduros devem começar evitando posturas como querer se impor ou se omitir. É preciso ser bastante maduro para se posicionar e tomar decisões.
Com a maturidade, nos tornamos protagonistas, donos de nossas vidas e, com isso, podemos nos aproximar do melhor que podemos ser e realizar nosso potencial. É um poder que traz independência e demonstra desejo próprio de crescer e atingir suas metas, sejam elas profissionais ou pessoais. O maduro conduz, o imaturo é conduzido. Portanto, a pessoa que busca a maturidade também busca se diferenciar da manada.
Em um momento mundial de tantas transformações – tecnológicas, sociais, educacionais, etc. -, se diferenciam aqueles que sabem o que querem. Proatividade, resiliência e independência são características dos que buscam ser mais maduros. Faz sentido, de acordo com o contexto, ser dependente quando se é um bebê, por exemplo. Todavia, observamos no mercado de trabalho, adultos que ainda agem como se fossem crianças, de maneira reativa e dependente, esperando que alguém cuide deles.
A maturidade pode, portanto, crescer com o passar do tempo, à medida que passamos por mais experiências e adquirimos sabedoria. Mas não tem a ver apenas com a idade e sim com a qualidade da nossa reflexão sobre as experiências que vivemos.
Diante de um conflito ou uma situação, pessoas dependentes costumam enxergar apenas as dificuldades e reclamar delas. Elas costumam rejeitar novos desafios e, assim, continuam sempre na superficialidade de sua capacidade, não se aprofundando em nada. Os outros, pensam elas, devem compreender e aceitar suas vontades. A imaturidade é egoísta e não se compromete – delega aos outros as tarefas que deveriam cumprir.
Fazer só o que se tem vontade, no momento em que bem entender, não é, de fato, uma postura madura. Nem mesmo profissional ou polida. É complicado se posicionar assim, com pouco caso, em um contexto social. A sociedade como um todo é um grande grupo e, se cada um fizer apenas o que tiver vontade, as coisas não funcionam.
Querendo ou não, o mundo em que vivemos é uma grande engrenagem social. Se uma das peças não faz seu trabalho, ela se isola, é retirada, ou então acaba por prejudicar toda a maquinaria. Quando entregues às vontades, aos meros instintos, os seres humanos tendem a agir apenas com base naquilo que nos faz sobreviver: se alimentar, dormir e procriar. Mesmo que pudéssemos viver assim, isso não seria desejável, pois estaríamos desconsiderando que nos sentimos muito mais felizes quando aprendemos coisas novas, quando conseguimos superar um obstáculo ou quando estamos diante de novos projetos. Somos mais felizes quando realizamos nosso potencial e nos estimulamos a ir além de nossas capacidades.
Superar as expectativas, finalizar atividades com excelência e surpreender são realizações gratificantes. Devemos agir da mesma maneira que gostamos de ser atendidos e tratados. Desenvolveremos a maturidade, portanto, ao refletir sobre qual tendência interna iremos atender: a do imobilismo ou a da proatividade. Se fizermos tudo o que nos é pedido com determinação, garra e fibra, demonstrando vontade de crescer, o resultado será compensador – seja uma atividade interessante, seja algo que no momento não é divertido, mas é importante para o grupo todo.
Tarefas simples do nosso dia a dia fazem toda a diferença. Atender (a = não, tender = tensão) significa: reduzir a tensão. Quando temos um desafio pela frente, ou uma tarefa complexa ou difícil, isso nos gera uma tensão, pois teremos que empregar energia para resolver a situação. Atender é aliviar, deixar leve para si e para os demais. Como é bom quando alguém deixa o mundo mais leve para nós, não?
Ser uma pessoa madura é desejar se comprometer a ser aquela que eleva o mundo com sua presença, que deixa o clima, as relações e as tarefas melhores. É ser o melhor que podemos ser. Como escreveu Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Ricardo Reis, em uma de suas Odes: “Para ser grande, sê inteiro/(…)Põe quanto és no mínimo que fazes”. Se fizermos toda e qualquer atividade, independentemente de seu tamanho, da melhor maneira possível, teremos feito nossa parte. Sem arrependimentos e com a satisfação e consciência de ter dado o melhor de si.
O processo de amadurecimento não é linear. É cheio de altos e baixos, idas e vindas. Tornar-se maduro é algo que leva vários anos, mas a principal etapa, que é decidir-se, leva apenas um segundo: quando se escolhe pegar a vida nas mãos e fazer da sua existência um projeto de felicidade, sucesso e realização.
Para alcançar a felicidade, precisamos nos levar a sério, nos comprometermos de verdade com as nossas metas e tirar da nossa frente aquilo que nos impede de crescer e de nos tornarmos o melhor que podemos ser. Por outro lado, também existem os momentos para rir de si mesmo e não se levar tão a sério – saber distinguir um momento do outro é, também, demonstrar maturidade. Nas suas pequenas decisões diárias se constrói um futuro do tamanho que se quer ter. E cada atitude conta, afinal, como diz o ditado: “O que levamos da vida é o resultado da vida que levamos”.